sábado, 16 de março de 2013

Índice de Desenvolvimento Humano - IDH


    O Relatório de Desenvolvimento Humano 2013, lançado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD-ONU), dá ênfase à “notável transformação de um elevado número de países em desenvolvimento em grandes economias” e ao “impacto significativo no progresso do desenvolvimento humano” produzido nestes países.

O documento afirma que “a ascensão do Sul tem decorrido a uma velocidade e escala sem precedentes” e que “nunca, na história, as condições de vida e as perspectivas de futuro de tantos indivíduos mudaram de forma tão considerável e tão rapidamente”. Segundo o relatório, o mundo já atingiu a principal meta de erradicação da pobreza dos Objetivos do Milênio, que previa reduzir pela metade, entre 1990 e 2015, o número de pessoas vivendo com menos de US$ 1,25 por dia. O resultado é atribuído, sobretudo, a países populosos como Brasil, China e Índia que reduziram a percentagem de sua população em situação de pobreza. O Brasil passou de 17,2% em 1990 para 6,1% em 2009; a China, de 60,2% em 1990 para 13,1% em 2008; e a Índia, de 49,4% em 1983 para 32,7% em 2010.

O representamte do PNUD no Brasil, Jorge Chediek, ressaltou que as projeções do estudo indicam que, até 2020, o Produto Interno Bruto (PIB) combinado destes três países superará o PIB agregado das antigas potências industriais Canadá, França, Alemanha, Itália, Reino Unido e Estados Unidos.

O relatório também afirma que os países que apresentam maior progressão no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) tem em comum a presença do Estado pró-ativo no domínio do desenvolvimento; a expansão das relações comerciais, especialmente no eixo Sul-Sul – e políticas sociais inovadoras.

Apesar do destaque dado a países do Sul, o documento também ressalta que nenhum país apresentou em 2012 um IDH menor do que o apresentado em 2000, ao contrário da década precedente, na qual 18 países registraram um valor de IDH mais baixo em 2000 do que em 1990. “À medida que se acelerava o ritmo de progresso nos países com IDH mais baixo, verificava-se uma convergência notável nos valores de IDH a nível mundial, ainda que esse progresso tenha sido desigual dentro e entre as várias regiões”, diz o texto.

O número de países com IDH inferior a 0,25 (o índice varia entre 0 e 1) diminui de 33, em 1990, para 15 em 2012. No extremo oposto, o número de países com IDH acima de 0,75 aumentou de 33 para 59 no mesmo período.

A Noruega lidera o ranking, seguida de Austrália e Estados Unidos. Na outra ponta estão Moçambique, República Democrática do Congo e Níger.

O IDH da América Latina cresceu em média 0.67% por ano entre 2000 e 2012, sendo a região que apresentou o maior incremento. “Mas segue tendo a distribuição de riqueza mais desigual de todas as regiões do mundo”, alerta o relatório. Chile, Argentina e Uruguai são os países da região com os mais altos índices. Com o pior desempenho estão Haiti, Nicarágua e Honduras.

Brasil
Com um IDH de 0,73, o Brasil é considerado um país com “desenvolvimento humano elevado” pela ONU, ocupando a 85º colocação no ranking dos 187 países avaliados. Apesar dos enormes desafios que o Brasil ainda tem pela frente, Chediek destacou que o IDH do país cresceu 24% desde 1990, colocando-o entre os 15 países que mais reduziram seu déficit no índice.

O resultado brasileiro foi alcançado porque o país obteve melhoras nas 3 dimensões avaliadas pela ONU: saúde, educação e renda. Segundo a organização, a expectativa de vida no Brasil é de 73,8 anos; a média de anos estudados é de 7,2; a projeção de escolaridade atual é de 14,2 anos; e a renda per capita é de 10,185 dólares.

IDHM - Verifique o IDH de seu município.

Vídeo: IDHM IBGE

Mudanças na governança global
Diante dos avanços de países do Sul, o relatório insta a que sejam criadas novas instituições de governança global, uma vez que as atuais “foram concebidos com vista a uma ordem mundial muito diferente da atual, o que dá origem a uma sub-representação do Sul. As instituições internacionais, se quiserem sobreviver, precisam de ser mais representativas, transparentes e passíveis de responsabilização”, recomenda.

Além destas mudanças, o documento também alerta para que os progressos no IDH não sejam acompanhados pelo aumento das desigualdades de rendimento, padrões insustentáveis de consumo, despesas militares elevadas e uma fraca coesão social. Para superar os desafios a ONU propõe “melhorar a equidade - incluindo a dimensão do gênero; proporcionar uma maior representação e participação dos cidadãos - incluindo a dos jovens; enfrentar as pressões ambientais; e gerir as alterações demográficas”.

Confira aqui o relatório completo.

FONTE:  http://www.cartamaior.com.br/




O menino de Bangladesh
Marcelo Canellas

marcelocanellas@uol.com.br

O menino de Bangladesh trazia um irmão dentro de si. Caso raro na medicina: ainda no ventre da mãe, o organismo de um dos gêmeos absorveu o outro. Durante 16 anos, o menino de Bangladesh viveu, sem saber, com o feto do irmão numa cavidade de seu abdome. Até que um dia sentiu dores, os médicos o operaram e encontraram o improvável.

O menino de Bangladesh ficou triste porque seu irmão, pouco mais do que um embrião, estava morto. Não te entristeças, menino de Bangladesh, pois trazes no sangue a saga de teu povo, do antigo reino de Banga, que o Mahabharat, o grande poema épico do oriente contou numa de suas 100 mil estrofes.

Sobreviveste a provações milenares. Teus ancestrais sentiram o sabre do império britânico que veio, venceu e, pela força, renomeou tua terra: Bengala. Apesar disso, estás aqui. Quando tua velha nação virou um Estado independente, teus pais escaparam da carnificina fratricida que matou 3 milhões de compatriotas. Só por isso estás aqui.

Então não te entristeças, menino de Bangladesh, porque onde vives há um banheiro apenas para cada 50 famílias. E metade do teu povo vive em casebres de argila. A água que bebes é suspeita, menino de Bangladesh, porque teu país tem 5 milhões de poços contaminados com arsênico. Ainda assim, estás vivo. Tens grande chance de permanecer analfabeto, metade dos homens de teu país o é. Se nada mudar, podes morrer antes dos 57 anos. Mas tens só 16, menino de Bangladesh, tua juventude te salva.

O menino de Bangladesh não se conforma. Porque, para ele, estar vivo é pouco. Metade dos recém-nascidos de seu país pesa menos do que deveria. Por isso, muitas crianças morrem na vizinhança. O menino de Bangladesh sabia disso, mas não sabia que trazia um irmão morto dentro de si. Bangladesh é longe, fica incrustado na Índia, cercado pelas misérias e penúrias da desigualdade. Nada de extraordinário. Ninguém precisa ir a Bangladesh para saber disso. Notícia extraordinária é a tristeza de um herói sobrevivente, de um garoto chorando a morte do irmão e de todos os meninos pobres do mundo.




domingo, 3 de março de 2013

Brasil


É VERGONHOSO SER BRASILEIRO?


Com qual Brasil você se identifica?
Com o paraíso tropical, terra abençoada, habitada por gente alegre e hospitaleira?
Ou com o país recordista mundial de desigualdade social, onde os jornais estampam diariamente manchetes sobre violência, corrupção e miséria?
Afinal, ser brasileiro é motivo de orgulho ou de vergonha?
É isso o que o autor do texto a seguir se propões a discutir.

“Não há o menor sentido em termos vergonha de ser brasileiros.
As coisas das quais não nos orgulhamos em nosso país podem ser mudadas e, de uma forma ou de outra, estão sendo.
Os problemas que temos não são questões desconhecidas do resto do mundo.
São transtornos inerentes a todas as sociedades […].
Não há um único país no planeta que não tenha, em graus diferentes, situações similares às nossas, como o desemprego, a pobreza, o racismo, os preconceitos, a exploração, a corrupção, a criminalidade, a fome e etc.
O fato de dizermos que não são problemas tipicamente brasileiros, ou exclusivamente brasileiros, mas universais, não tem por objetivo diluir a sua gravidade em nosso país.
Mas apenas mostrar que não são fruto da nossa nacionalidade, como se fosse uma predisposição genética para sermos o que somos hoje. Trata-se de problemas sociais e culturais, fruto de nossa história, e, por essas características, podem ser modificados, não da noite para o dia, como gostaríamos, mas por meio de um árduo trabalho de transformação.
A primeira coisa que devemos fazer é nos perguntar qual é a relação que temos com a sociedade em que vivemos, e qual é a nossa parcela de responsabilidade perante ela. Isso é necessário para que possamos assumir nossa parte da responsabilidade pelas suas mazelas, como para agirmos no sentido de modificá-las. […]
Uma vez que tenhamos percebido qual a nossa parcela de responsabilidade pelos problemas existentes no Brasil, cabe verificar o que podemos fazer para mudar essa realidade.
Não há sentido aqui discutirmos o que cada um de nós pode fazer, pois as possibilidades são infinitas […]. Entretanto, o importante é entender que temos algo para fazer, pois problemas não nos faltam e ações para corrigi-los são necessárias. […]
[…] Se você acredita que a pobreza do país é culpa da indolência do brasileiro, pouco se pode fazer, pois, em tese, essa seria uma característica 'genética' do povo. Mas, se acredita que a pobreza é resultante da má distribuição de renda, da pouca formação educacional das pessoas, da ausência de oportunidades e condições para se alcançar patamares superiores de renda, você, para citar alguns exemplos, pode se engajar em um partido político para modificar as políticas governamentais ou o sistema econômico do país, filiar-se ou criar uma ONG (Organização Não-Governamental), para tentar modificar um aspecto da realidade, ou ser voluntário em algum exemplo comunitário do bairro, da sua igreja etc.
Há muitas formas de ser brasileiro.
Cabe a você decidir que tipo de brasileiro você quer ser, que tipo de ser humano deseja ser, pois ser brasileiro não é uma vergonha, mas, ao contrário, é uma possibilidade de realizar coisas maravilhosas, pois, como os demais povos, temos todas as possibilidades para viver melhor.”



Professor Marciano Dantas

https://docs.google.com/file/d/0BzOuTsGUEYRSX2VkYkxGU2t6MjA/edit?usp=sharing