Especialistas discutem sobre a seca do Nordeste e a
viabilidade da transposição do Rio São Francisco
O Nordeste sofre a pior seca das últimas décadas:
Cerca de 10 milhões de
pessoas estão sendo atingidas, milhares de cabeças de gado já morreram e 1300
cidades (contando as do Nordeste e de Minas Gerais) estão em situação de
emergência. A transposição das águas do Rio São Francisco, que deveria ficar
pronta agora em 2012, segundo as previsões iniciais, está com menos da metade
das obras concluídas. Restam aos sertanejos algumas medidas de ajuda
emergencial do governo, como o Bolsa Estiagem, que foi prorrogado por mais dois
meses, e a distribuição de milho para alimentar o gado.
Para o coordenador do grupo de Análise Internacional
da USP, Ricardo Sennes, “a grande questão não é a seca em si, é como o homem
está se preparando para gerenciar esses períodos”. A explicação dele é que as
secas fazem parte dos ciclos naturais, não podem ser evitadas. O que pode – e
deve – ser feito é pensar em políticas viáveis para preparar a região para
estas fases, e de uma forma que não se restrinja à distribuição direta de água:
“Parece que dando água resolve o problema daquela população. Não é assim. Não é
só um problema de acesso à água. Ele é acesso à água, à tecnologia de produção,
a escoamento de produção”, afirma.
O cientista político Carlos Novaes também não vê em
obras como a do Rio São Francisco o fim para o problema do Nordeste:
“Definitivamente, não é a solução”, garante. No caso específico desta
transposição, o cientista político defende que se trata de um erro, em todos os
sentidos, e “o principal é que o dinheiro que se prevê gastar na transposição
do rio daria para fazer uma série de pequenas obras, espalhadas pelo
semiárido”. Ele também vê esta obra como possível desencadeadora para o
agravamento de uma desigualdade social: “Ela vai é valorizar áreas de margem
que são de grandes fazendas. Ou seja, a transposição do Rio São Francisco é a
repetição de um processo de onerar o poder público em função de interesses
privados concentrados”. O cientista argumenta que as pessoas mais pobres não
terão acesso como o prometido à água.
Fonte:
Jornal Cultura
Trabalhos realizados pelos alunos, retratando a indústria da seca, no nordeste brasileiro.
1)
Alunas: Alice, Estela e Melinda.
2)
3)
Nenhum comentário:
Postar um comentário